sexta-feira, 17 de abril de 2009
Meu sobrinho é NonSense
Bem estou de volta, e para justificar minha ausência meu post será um ato de militância familiar, em outras palavras, disponibilizo uma ação realizada pelo meu sobrinho nestes últimos dias. A principio o ato parece ser inconsciente, mas isso não implica que não atinja nossas concepções ortodoxas. Ele me leva a pensar o que é Ser, qual a importância da raça e tudo mais. Enfim, o mérito é dele e a contemplação é nossa, espero que cada um elabore sua própria reflexão neste ato nonsense do meu lindo sobrinho querendo se tornar negro.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
S A [m] P A T [i] O
De acordo com minhas leituras, arqueólogos asseguram que o sapato foi inventado há mais de 3.200 anos na Mesopotâmia (atual Iraque). A princípio, tal invenção não tem valor histórico nenhum, frente a outros acontecimentos, como por exemplo, o terrível genocídio da população judaica na Segunda Guerra Mundial. Entretanto, somente a princípio.
Vocês leitores invisíveis, devem estar se remoendo de raiva pelo argumento non-sense que acabo de utilizar, é plausível que esse sentimento ocorra em seres humanos dotados de senso crítico, por menor que seja. Todavia, peço apenas que aguardem ansiosamente o desvelar do sentido na escuridão de minhas palavras.
Após essa breve digressão, retomo meu vômito sintático-semântico sobre a relevância da invenção do sapato para história da humanidade. Pense! Para que serve um sapato? A resposta mais sensata seria. _ O sapato serve para a proteção dos pés na locomoção diária de um homo sapiens comum. Porém, como o óbvio nem sempre é óbvio, podemos encontrar outras respostas como: _ O sapato (ou tênis), tem a função de promover status social em determinadas comunidades. Ou também, _ o sapato pode ser utilizado como instrumento de protesto em atos políticos internacionais. É claro que outras respostas poderiam ser construídas, mas como minhas palavras são breves, utilizarei apenas esses exemplos como instrumental reflexivo.
No primeiro caso, encontramos a instrumentalização do objeto em questão, como havia afirmado anteriormente, a princípio a invenção do sapato se apresenta como fato insignificante, mas se olharmos para a importância da proteção dos pés em uma região com rigores do clima desértico, como o Iraque (há mais de 3.200 anos), sua importância se torna crucial. Ao observar meu corpo, verifiquei que meus pés são os fundamentos que sustentam meu orgulho bípede, sendo assim, percebo que caso fique impossibilitado de manter meus pés em bom estado, minha locomoção ficará debilitada. Logo, concluir que o sapato foi um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento do povo mesopotâmico, não é um grande disparate.
Quando comecei a dissertar sobre sapato não imaginava o tamanho do problema que estava em minhas mãos, ou melhor, em meus pés. Já falei sobre o óbvio, agora é necessário falar sobre o que está por trás do óbvio, ou seja, sobre a capacidade que o sapato tem de promover status social e sua utilização em atos políticos internacionais.
Como de costume vou começar pelo primeiro caso. Mas como demonstrar que pode ser verdadeira essa asserção? Fatos irrefutáveis podem ser a solução, pois contra fatos não existem argumentos, ou existem? Enfim, espero que sim, pois desejo que refutações futuras apareçam. Então, sem mais delongas, afirmo que o sapato tem sido utilizado em muitas comunidades para promoção do status social.
Tal hipótese pode ser verificada em nossas queridas periferias, tanto aqui no interior paulista, como em qualquer outro centro. Se fizéssemos uma etnografia de todas as periferias paulistas como amostragem das periferias brasileiras, identificaríamos com toda certeza minha hipótese. Quando faço tais afirmações, estou embasado em experiências empíricas e literárias. Empíricas porque vivo em uma periferia, e literária porque me alimento do rap e da literatura marginal. Quando ouvimos o poema épico (Vida Loka), de Mano Brown, encontramos explicitamente a denúncia do fenômeno que tento provar. Brown descreve nos seguintes versos o perigo da necessidade de possuir o objeto mágico tênis: “vem na minha mente inteira, a loja de tênis, o olhar do parceiro feliz, de poder comprar, o azul, o vermelho, o balcão, o espelho, o estoque, a modelo”. Em nossa sociedade o consumo é a ideologia hegemônica, através do ato de adquirir um simples sapato (tênis), o sujeito passa a existir, ou seja, a regra ontológica se altera, o Ser é, quando o Ser tem. Podemos inferir então, que a promoção do status social se dá, porque um processo fetichista acontece insconscientemente no sujeito que possuí tal crença, logo, o envolvido procurar qualquer meio para alcançar seu objeto mágico.
Além de Mano Brown, encontro em outro pensador algumas consonâncias com minha hipótese, isso mesmo, em Ferréz, em particular no texto denominado "O Imperialismo e o seu tênis". Ferréz busca alertar a juventude periférica sobre a importância e o risco do consumo e como a manutenção do status pode contribuir para outras práticas, como por exemplo, o extermínio dos palestinos pelo exército estadunidense-israelense.
Já que tocamos nesse assunto, creio ser conveniente falar um pouco a respeito da última função, ou seja, a utilização do sapato como instrumento de protesto em atos políticos internacionais. Como vocês já sabem (de todas as formas imagináveis), o jornalista iraquiano Muntazer al-Zaidi lançou seu par de sapatos contra ex-presidente George War. Bush em uma coletiva no último dia 14/12/2008. O que é mais incrível, de toda esta loucura é que todos se apegam ao fato de Muntazer ter atirado um sapato em Bush. Mas a pergunta que realmente cabe neste fato non-sense é: O fato de Bush ter se esquivado da sapatada, implica que se livrou de todos os atos arbitrários que cometeu no Iraque? Por enquanto deixo meu juízo suspenso, pois vou responde no próximo texto que relata o maior fato sem-sentido com sentido de 2008, “A nova intifada: da pedra ao sapato”. Apenas gostaria de relembrar, que o fato do sapato ter sido inventado no Iraque há mais de 3.200 anos, e surpreendentemente ter sido reinventado no mesmo lugar por Muntazer al-Zaidi justifica todo texto.
Sendo assim, a importância da (re)invenção do sapato é tão relevante quando o genocídio judeu. Importância que traz a cena o novo extermínio étnico, a dos palestinos iraquianos. Se duvidam de minhas palavras, entrem também na contagem de corpos no Iraque e contabilizem juntamente comigo as mortes que o exércitos estadunidense-israelense promoveu, ou será que preferem também jogar o sapato no Bush, como todos os idiotas estão fazendo na internet. Talvez queiram entrar no roll dos trezentos mil consumidores do “Bush shoe” e cantar louvores ao livre comércio como Amorim.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
ALFA
A cada aurora a barbárie se desloca do mais profundo abismo e vem tomar café comigo, com seu sorriso irônico e desmedido apresenta todos seus argumentos para justificar suas práticas desumanas.
Entre um gole e outro de café me calei durante anos, não porque tinha medo ou receio de questionar todos seus disparates, mas por puro comodismo. Sim um comodismo covarde e egoísta, que consumiu o resto da minha anêmica humanidade.
Sei que tenho uma parcela de culpa em tudo o que acontece no insano mundo em que vivemos, pode me culpar e cobrar com juros a parte que me cabe, porém existem razões lógicas que explicam meu comportamento. É sobre tais razões que (também) gostaria de dissertar, não para justificar meu descaso, tão pouco para me tornar mais um herói cego viciado, mas para compreender o próprio vazio de ser do mundo contemporâneo.
Afirmei que existem razões lógicas que explicam o comportamento do humano em questão, no entanto são as práticas ilógicas que devem ser investigadas com muito cuidado. Sanabria e o mundo non-sense busca desvendar no não-sentido o sentido, e subverter o sentido no não-sentido. É claro que não pretendo desenvolver mais uma dicotomia ortodoxa entre sentido e não-sentido, cobiço desvelar a simbiose nuclear do processo.
Contudo, antes de concluir meu primeiro texto, peço desculpas pelo linguajar academicista e formal. Mas como sabem, sou mais um elemento do nosso cruel sistema educacional que, com um refinado instrumental de controle contempla com alegria a lobotomia diária. Diante desse procedimento terapêutico invisível, tento iniciar aqui meu antídoto para obtenção da cura, a exposição facial. Uma ruptura com o formalismo da escrita em terceira pessoa; um singelo gesto frente a todos os mecanismos de dominação, no entanto, um gesto para o tão sonhado efeito dominó.
Essa breve apresentação do que pretendo com este espaço virtual, não impossibilita ou imobiliza outras práticas reflexivas, apenas norteia o caminho a ser trilhado. Com as palavras de Tom Zé, encerro minha primeira exposição. “Eu tô te explicando prá te confundir; eu tô te confundindo prá te esclarecer; tô iluminado prá poder cegar; tô ficando cego prá poder guiar...”.